segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O MÉTODO MÃE CANGURU

COMO O O BRASIL TRABALHA O MÉTODO MÃE CANGURU
Nelson Diniz de Oliveira
A "posição canguru" foi idealizada na Colômbia em 1979 com o objetivo de diminuir a mortalidade neonatal elevada naquele país. A idéia era de que a colocação do recém-nascido contra o peito da mãe, promoveria maior estabilidade térmica, substituindo as incubadoras, permitindo alta precoce, menor taxa de infecção hospitalar e conseqüentemente melhor qualidade da assistência com menor custo para o sistema saúde. No entanto, quando adequadamente analisado esse procedimento não mostrou a melhoria esperada na sobrevida dessas crianças prematuras, aumentando o risco com esse tipo de cuidado. Mas a atitude de promover um contato pele a pele precoce entre a mãe e o seu bebê mostrou desenvolver um maior vínculo afetivo e um melhor desenvolvimento da criança. Desde então,o ato de carregar o recém-nascido prematuro de contra o peito materno ganhou o mundo recebendo adeptos e opositores como é natural em todo o processo de aplicação de novas metodologias, mesmo esta que considerada quanto ao seu componente psico-afetivo traz no seu âmago a prática da humanização do atendimento perinatal, tão enfatizada desde os idos de 1900 pela escola francesa de Pierre Budin.
Entre os adeptos, podíamos observar aqueles cuja bandeira inicial era contrapor, com o novo método, o tecnicismo desenvolvido no cuidado dos recém-nascidos prematuros, substituindo dessa forma a "máquina e o especialista" pelo "humano e familiar". A crônica dificuldade de se obter recursos adequados para a saúde parecia mostrar uma "metodologia salvadora e de baixo custo". Outros no entanto, procurando fazer um bom uso da "máquina" e da aplicação do desenvolvimento do conhecimento científico, sem negar a importância fundamental que é o estabelecimento de posturas que visem uma abordagem psico- afetiva saudável, procuraram cada vez mais aliar e desenvolver uma atitude integrada. Entre os críticos, a palavra de desdém para uma técnica dita como "própria para o terceiro mundo" tornou-se o discurso mais constante.
No Brasil, os primeiros hospitais a trabalhar com a posição canguru, foram os hospitais Guilherme Álvaro em Santos e em seguida o Instituto Materno e Infantil de Pernambuco, na cidade do Recife. A partir de então, vários hospitais brasileiros começaram a realizar as posturas de colocação do recém-nascido sobre o peito da mãe, embora em algumas situações nem sempre com metodologia e critérios adequados.
Dessa forma, não preocupado em realizar um procedimento que visasse a economia de recursos financeiros, ou mesmo a substituição de tecnologia, muitas vezes necessária no cuidado ao recém-nascido de baixo peso, o Ministério da Saúde, através da Área Técnica da Saúde da Criança e com a colaboração de renomados consultores de diferentes especialidades responsáveis pela atenção à mulher e ao recém nascido de baixo peso, resolveu padronizar esse tipo de atendimento. O objetivo maior dessa ação, foi o de estabelecer uma mudança no paradigma da atenção ao recém-nascido, objetivando cuidados técnicos humanizados, que promovam uma atenção melhor à mãe, ao recém nascido e à sua família.
O SURGIMENTO DA NORMA BRASILEIRA DE ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO DE BAIXO-PESO (MÉTODO MÃE CANGURU)
Em junho de 1999, após quase um ano de pesquisas e observações, a Área da Saúde da Criança da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, redigiu uma minuta para o atendimento humanizado ao RN de baixo-peso e estabeleceu um grupo de trabalho com membros de várias entidades como: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), além de representantes de universidades brasileiras (Universidade de Brasília -UnB- e Universidade Federal do Rio de janeiro -UFRJ), hospitais públicos (Instituto Materno e Infantil de Pernambuco -IMIP-, Fundação Hospitalar do Distrito Federal -FHDF- e Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dessa reunião surgiu a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo-Peso (Método Mãe Canguru). Essa norma foi oficialmente apresentada no dia 8 de dezembro de 1999 pelo Ministro da Saúde (Dr. José Serra), em seminário realizado no Rio de Janeiro, sob o patrocínio do BNDES.
Após esse evento, no dia 2 de março de 2000, o Ministério da Saúde publica a portaria número 72, que inclui o procedimento - Atendimento ao Recém Nascido de Baixo - Peso - na tabela do Sistema de Internações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), a remuneração desta modalidade de atendimento.
Em 5 de julho do mesmo ano, a portaria do gabinete do Ministro da Saúde, de número 693, estabelece a Norma de Orientação para a Implantação do Projeto Mãe Canguru.
METAS
A prioridade de implantação desta Metodologia são as maternidades que pertencem ao Sistema de Referência de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde.
CONCLUSÃO
Portanto para expressar em poucas palavras como o Brasil trabalha o Método Mãe Canguru, podemos dizer simplesmente: trabalha com a visão de um novo paradigma que é o da atenção humanizada à criança, à mãe à família, respeitando-os nas suas características e individualidades. Especial atenção também deve ser desenvolvida com o profissional de saúde, para que suas ações possam ser realizadas cada vez mais com segurança, tranqüilidade e respeito.

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